Dentre algumas das coincidências que permeiam nossa amizade, eis o fato de que nós duas fomos crianças com MUITA energia, diga-se de passagem. Nossas fotos antigas de família não nos deixam mentir. E, para dar um pouco de sossego em casa, nossas mães felizmente tiveram a brilhante ideia de: “vou inscrever essa menina em algum esporte pra ver se gasta essa energia toda”. Então, pra gente se tornou algo natural fazer um montão de aulas diferentes: natação, judô, ballet, capoeira, basquete, vôlei, futsal. Era o jeito de tirar a gente de casa, e consequentemente dar um pouco de paz para os nossos pais.
Mas, quando chegamos na adolescência, a situação mudou, e mudou bastante! Foi quando nosso corpo começou a amadurecer, que descobrimos uma tática muito comum, passada de geração em geração, por garotas que não queriam praticar esportes estabelecidos pelo professor de educação física, a famosa: “Não dá, to menstruada”.
Com 13/14 anos, já havíamos perdido a conta de quantas vezes inventamos uma menstruação fora de hora, ou encenamos cólicas absurdas, dignas de uma formação no Wolf Maya, só para fugir da temida aula. Era ainda melhor quando o professor era homem, e sequer se ligava que algumas garotas da sala tinham um “ciclo desregulado” a ponto de mestruarem 2 ou 3 vezes no mês…
Pensando agora… talvez nossas faltas tinham menos a ver com a gente não querer participar das atividades propostas, e mais porque todas as nossas amigas também estavam fazendo a mesma coisa… Tinha o fato de que algumas de nós não eram tãaao familiarizadas com esportes envolvendo bolas, e também, porque era unânime a vergonha de ficar suada na frente dos garotos, por isso usávamos toda a nossa energia para cuidar da reputação que a gente achava que tinha na escola.
Até porque, ONDE JÁ SE VIU ficar suada e descabelada na frente de meninos, não é mesmo?! (contém doses de ironia)
Enquanto isso, eles eram incentivados a ir cada vez mais rápido, jogar cada vez melhor, aprimorar sua força e sua agilidade para participarem dos jogos disputados com outros colégios em campeonatos oficiais. Eles eram elogiados por serem rápidos e fortes. Com as garotas, todo mundo parecia estar mais preocupado com o tamanho do shorts que usávamos para as aulas de Educação Física, e menos sobre nossa participação nas aulas.
Ou seja: desde muito cedo, a nossa relação com o esporte recebe muito menos atenção do que a forma com que os meninos são inseridos no mundo da atividade física. Mas conforme vamos crescendo e amadurecendo, se uma garota não tem o corpo considerado “ideal”, ela é aconselhada a buscar uma academia de musculação para “queimar as gordurinhas". Já perdemos as contas de quantas vezes já ouvimos incentivos de instrutores começarem com “só mais uma repetição, para queimar o doce que comeu”. Não, obrigada!
Para uma garota, parece que nunca pode ser sobre se divertir, e sim só sobre queimar gordura para garantir o melhor corpo.
Na vida adulta, fica ainda mais difícil se aproximar de hábitos saudáveis, não só por falta de costume, mas talvez porque a sua “eu jovem” não recebeu o incentivo que precisava, e que culminou pra sua “eu hoje” não estar familiarizada com o sentimento de amar mover o próprio corpo. Tá tudo bem, não é sua culpa <3
Então, o que acha de descobrir, ou redescobrir, uma atividade física que te faça amar se mover? Nunca é tarde para começar um novo esporte!
Estamos aqui, qualquer coisa é só chamar <3
beijos
e até semana que vem,
Flávia e Giovanna.
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Beijos, e boa semana! <3
O algoritmo dessa Newsletter sabe que eu usava a Asma para escapar de tudo e dos meus traumas com esportes na escola.